Resumo
O Brasil experimentou três momentos de exuberância e otimismo extremo durante o século XIX: Independência, Abolição do Comércio de Escravos e Abolição. Em cada um desses momentos, os contemporâneos sentiram que um dos principais obstáculos ao progresso havia sido removido e que o país finalmente seria capaz de capitalizar sobre suas enormes potencialidades. Em torno de cada evento, os indivíduos politicamente ativos, incluindo profissionais, comerciantes e autoridades civis e militares, procuraram imitar as instituições das economias mais “avançadas”, agora que este obstáculo - a dependência política, o comércio de escravos desumano e caro, e a própria escravidão - já não interferiam com o progresso. Este artigo trata do período da abolição do tráfico de escravos e de um político visionário, Bernardo de Souza Franco (1812-1875), que tentou utilizar a reforma do sistema bancário como um motor de crescimento.
Os primeiros bancos controlados por particulares do Brasil surgiram em várias províncias, durante a década de 1840 e início de 1850. Em 1853, o ministério conservador no poder forçou a fusão dos dois bancos controlados por particulares com sede na capital. Logo depois, esse Banco controlado pelo Governo do Brasil absorveu todos os bancos provinciais. Souza Franco, como ministro das Finanças em 1857-58, concedeu licenças para seis novas instituições controladas por particulares para se estabelecerem como bancos de emissão e concorrentes do Banco do Brasil. Embora os conservadores posteriormente reduziram o volume das emissões, vários destes bancos tiveram distinguidas carreiras, um dos quais ainda existe hoje em dia. Além da reforma dos bancos, o ministro Souza Franco desempenhou um papel fundamental na fundação de quatro grandes ferrovias no Brasil e defendeu a abolição gradual, a imigração europeia, a autonomia provincial, sociedades anônimas de responsabilidade limitada, a proteção industrial e a educação aprimorada.