Resumo
O objetivo deste trabalho foi analisar os determinantes, as características e as consequências da internacionalização do capital estadunidense entre 1945 e 1971, período compreendido entre a ascensão e crise da Era Dourada do Capitalismo. Apontamos a problemática da internacionalização de suas corporações no imediato pós-guerra e os mecanismos de superação ao longo dos dez anos seguintes à Segunda Guerra. Discorremos sobre a relação entre o investimento direto externo (IDE) e a política externa adotada, assim como o perfil de IDE realizado – incluindo a localização geográfica, o volume e as características setoriais. Avaliamos, por fim, o impacto da internacionalização do capital sobre as relações intercapitalistas e interestatais, as contas externas dos Estados Unidos (EUA) e a formação do capital multinacional. A pesquisa apresenta as seguintes conclusões: i) as inseguranças econômicas e geopolíticas do imediato pós-guerra foram responsáveis pela relutância do capital estadunidense em se internacionalizar – superadas pela retomada do crescimento mundial e pela concretização da política externa e de segurança nacional dos Estados Unidos; ii) os investimentos externos se concentraram nos países economicamente avançados e em setores ligados à indústria de transformação e de petróleo; iii) o IDE realizado no período consolidou o poder do capital americano no âmbito da concorrência oligopolista, amenizou os problemas de balança de pagamentos e universalizou o padrão de consumo e tecnológico irradiado a partir dos Estados Unidos e de suas multinacionais.